quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Por que se odiar?

Odeio o racismo. Acho-o chulo e incompreensível.
Não consigo compreender como traços físicos e cor de pele servem de indicativos de capacidade, caráter e inteligência.
Estava assistindo a uma retrospectiva em um canal de TV aberta e vi uma matéria sobre declarações racistas contra a filha adotiva do ator Bruno Gagliasso, Titi, de apenas dois anos. A menina é negra e recebeu insultos pesados no Facebook.
O ator prestou queixa à polícia sobre racismo. E os policiais encontraram a autora das ofensas. Pasmem: era uma menina de 14 anos, que mora em uma comunidade de baixa renda e que é negra.
Segundo apurei, a mesma menina foi autora de ofensas racistas contra a cantora Gaby Amarantos.
Talvez eu odeie mais a educação capenga do Brasil que não se presta a criar valores coerentes em crianças.
Não consigo entender esse ato: a adolescente se odeia tanto a ponto de ofender personagens midiáticos que sejam de sua cor? Segundo noticiários, essa menina não demonstrou arrependimento por ter agido desta forma.
Em que sociedade de direito podemos viver, se não temos noção de direito, ou seja, acreditamos que nosso direito é soberano e vai acima dos direitos de outrem?
Que sociedade tosca é esta, em que odiamos nosso semelhante, mesmo sem conhecê-lo, simplesmente por refletir nele as frustrações a que somos expostos e sofremos?
Este lado obtuso de nossa sociedade, essa realidade vergonhosa deveria ser mudada e é por isso que cabe a cada um de nós fazer o mundo ser um lugar melhor.
Calar-se diante dessas situações é aceitar o erro. Não vamos ficar quietos diante do racismo e do preconceito. E ainda defendo a educação de qualidade como a arma que vai extinguir esse cancro.
Mas não me refiro a educação de colégios pagos, porque estudantes desses colégios também incendeiam índios ou se acham superiores.
A educação deve ser profunda. Formar poetas, leitores de sentimentos, agentes modificadores da sociedade que fomentem valores adequados e bem distintos daqueles da época da vovó que dizia que "passou das seis horas já é noite".
Bem disse Voltaire: "Os preconceitos são a razão dos imbecis".



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Experiência de solidão

Pensei muito para poder escrever este artigo. É sobre uma experiência que estou fazendo e que devo advertir: não tente fazer isso. Eu a chamo de experiência de solidão e não darei sobre ela detalhes maiores do que estes que serão escritos aqui.
Como poeta, tenho aquele problema de sensibilidade aumentada. Tristezas e alegrias são multiplicados por 10 ou 100 vezes...
Pois bem. Agora imagine uma situação em que pessoas (cerca de 200 ou 300) que fizeram parte de sua vida por 15 anos e por quem você estaria disposto a dar sua própria vida (e elas também a delas por você) de um dia para o outro parassem de falar, conviver, olhar e sequer cumprimentar você.
Contudo, a convivência com elas ainda existe, ao menos duas vezes por semana, em sessões de duas horas. Isso mesmo: duas horas em um local onde ninguém o cumprimenta, ninguém olha para você, ninguém conversa com você (isso embora entre todos a conversa é animada e a convivência muito cordial).
Eu chamo a isso de experiência de solidão e de sensação de invisibilidade. Eu com quarenta anos me sujeitar a um garotinho de cinco anos que vinha sempre me cumprimentar e que agora passa do meu lado olhando para o chão.
Para alguns pode parecer uma experiência estranha, algo que não acontece. Mas acreditem, é algo até certo ponto comum em determinados locais. E em locais onde se prega o "amor".
E nessa experiência, com minha sensibilidade aflorada, sinto a cada encontro uma pontada no peito por não poder sequer sorrir para pessoas de quem gosto. Não poder segurar na mão de velhos companheiros. Não posso dar um tapinha nas costas ou um abraço em pessoas que sei que gostam de mim mas que, devido a essa experiência, não podem se relacionar comigo.
Conheci um novo tipo de sofrer, um sofrer que pretendo explanar em palestras futuras. Cada dia que participo dessa experiência, duas vezes por semana, todas as semanas, sinto no coração uma dor que chega a quase ser física. E se isso tem me valido a pena é apenas para fortalecer minha humildade, pois essa sujeição a ser ignorado dá uma força incomum se a gente consegue suportar o desprezo.
Minha válvula de escape é encontrar alguns amigos na academia Sport Life (com os quais não compartilho minha experiência) e desfrutar de um pouco de alegria e sorrisos. Se não fosse isso, eu ensandecia.
A experiência continua, e mantenho-os informados dos resultados que sobrevirão a mim.
Só destaco duas certezas. A primeira, é que não se deve aplicar o tratamento que funciona para um em todas as pessoas, pois há pessoas que não suportam o que outros conseguem aguentar.
E segundo, e mais importante, é que entendi o que o ator Robin Williams queria dizer com a frase: "Eu pensava que a pior coisa na vida era acabar sozinho. Não é. A pior coisa na vida é acabar cercado de pessoas que fazem você se sentir sozinho".

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Só comigo

Já se sentiu só mesmo estando em meio a uma enorme multidão?
Parece uma realidade triste, mas quando vejo o que os grandes escreveram, sou obrigado a mudar de opinião.
Fernando Pessoa, por exemplo, disse que "a liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo". Então, segundo Pessoa, eu consigo ser livre em meio às tentativas de prisão que me impõem.
De repente, leio Drummond escrevendo: "Há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer", o que me prova que estou seguindo o rumo natural da vida.
O que as pessoas não conseguem entender é que há certos assuntos que, por mais que procuremos com quem conversar, somente em nós mesmos é que vamos conseguir encontrar as respostas.
Há momentos em que não precisamos de pessoas que nos julguem, que nos condenem, que nos orientem, e nem mesmo que nos entendam. Não precisamos ter razão. O que precisamos é de alguém que sinta o que sentimos e, como cada pessoa (afora os poetas) não entendem muito de sentimentos alheios, temos de ficar a sós conosco.
Vou citar um exemplo: conheço uma variedade de pessoas que vai me acusar ou fazer mal juízo por eu citar a seguinte frase de Epicuro: "É estupidez pedir aos deuses aquilo que se pode conseguir sozinho". Vão achar que virei politeísta, quando somente citei esta frase para defender a ideia de que preciso agir também em meu benefício, em vez de apenas deixar aos cuidados de meu Deus os tratos a meu respeito.
A verdade liberta, mas quando se entende somente meias verdades, morre-se ou aprisiona-se num lamaçal de ignorância, julgando a outros com base em ideias pré-concebidas e implantadas como verdadeiras.
Não há com quem eu conversar. Simplesmente porque eu só posso conversar comigo. E não porque eu seja melhor que todos. Mas porque somente eu sei entender o que sinto e caberá a mim saber digerir a acre farofa de sentimento + pensamento que se formou em mim.
Só para exemplificar novamente: é claro que NINGUÉM gosta de ir a velórios. Mas somente eu sei o que acontece comigo a exatos três dias depois de eu ir a um. Sei que NINGUÉM gosta de ir a hospitais. Mas somente eu sei o que é não voltar inteiro e deixar metade de sua persona encalacrada nas paredes hospitalares depois de visitar alguém internado.
O texto de hoje até parece complicado. Mas é meu... sou eu resolvendo comigo.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Um péssimo frentista me ensinou

Mesmo que seja um cacto, alguma coisa de boa pode surgir em um deserto onde nada de bom parece criar vida.
Ontem, especialmente à tarde, tive momentos péssimos: depois de uma hora junto a pessoas que sequer me olhavam no rosto (o que está acabando comigo, mas há de me fazer forte) fui abastecer meu automóvel. Por comodidade, fui a um posto no caminho de casa, localizado na "Avenida" de minha cidade.
Cheguei lá, nove e meia da noite, entreguei a chave e pedi R$ 40,00 de gasolina. O frentista, conversando com os outros, pegou a chave e colocou R$ 50,00. Eu ainda gritei avisando que eram só R$ 40,00 mas ele retrucou por duas vezes: "você falou cinquenta", como se eu não soubesse o que havia dito.
Feito isso, ele foi pegar a máquina de cartão resmungando: "eu passo quarenta, dez reais não vão fazer falta para mim, eu pago" (como se o emprego dele também não fizesse falta, caso eu conversasse com o dono do posto).
Enfim, ele passou os cinquenta (ainda resmungando e falando que não merecia uma coisa dessas naquela hora da noite), eu paguei integral os cinquenta reais e fui para casa pensando no que pude aprender desse ocorrido.
Fiquei contente de ver que, mesmo depois de uma sessão estressante de desprezo que sofri momentos antes, eu ainda tive energia suficiente para não perder a cabeça a ponto de xingar o mau frentista.
Não falei uma palavra obscena sequer, o que eu considero um grande ponto positivo.
Treinei ainda outro poder: o do silêncio. Cheguei em casa e não comentei com ninguém o ocorrido. Também não falei nada com o pessoal do serviço (sobre esse poder do silêncio, comentarei em outra publicação). Só toquei no assunto agora, para fazer este texto.
Confesso que tive pensamentos vingativos, mas controlei-me a ponto de não voltar lá para conversar com o patrão e nem fui ao Procon registrar queixa contra o posto.
Há um ditado popular que diz: "dos limões que ganhei da vida, fiz uma limonada".
A minha ainda saiu um pouco azeda, mas confesso que fiquei satisfeito com minha reação. Estou crescendo, estou me desenvolvendo.
Faça isso: não exploda com as situações, veja o que pode melhorar e veja o que aprendeu delas. Assim fazemos um mundo melhor para as outras pessoas, mesmo que estas sejam péssimas frentistas.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Vi um gigante sofrer

Em nossa vida social, conhecemos diversas pessoas, das mais diferentes situações, emoções, sensações e comportamentos.
Uns são mais achegados; outros, mais distantes.
Tenho um amigo que é muito boa pessoa: responsável, boa pinta, bom caráter, de confiança, o que chamamos popularmente de "gente fina".
Chama a atenção nele que, devido a seus treinos e dietas bem regrados, este meu amigo virou um gigante: músculos bem definidos, um cara enorme.
Quem o vê todo forte imagina que ele é pau para toda obra, que nada o derruba, que ele sozinho dá conta de todos os recados.
Até que ele sofreu uma imensurável perda em sua vida: a mãe, após um ano de tratamento quimioterápico, sucumbiu à doença.
E eu vi um gigante caindo na tristeza da separação de alguém a quem amava.
Não poderia ser diferente em alguém tão ligado à família, tão ligado à mãe.
E foi nesse momento que vi o gigante sendo amparado pelos amigos.
Vi neste momento a importância daquilo que sempre ensino nos meus textos: temos que lutar para fazer o bem aos outros, pois o mundo nos recompensa.
Meu amigo não estava sozinho, havia muitos ombros para ele, havia muitas mãos estendidas. O bom rapaz, que sempre ajuda os outros, estava agora amparado por muitas mãos.
Façamos nosso melhor para mudar o mundo, para tornar o mundo melhor e para ajudar os outros.
Esta é nossa missão única e exclusiva. Viver em prol do melhor para os outros.
Fazendo assim, tenha certeza, nunca estaremos sozinhos.
Meu amigo em breve estará novamente em pé, com todas as forças, com aquele sorriso e animação que contagiam e nos fazem tão bem!
E esta é uma homenagem a você, grande amigo Parolin, meu treinador Mestre Parola!

Parolin, ao centro, com os amigos Alvinho (esq.) e PC Chiorato (dir.)



sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Tudo é por sua causa

Há pessoas que parecem viver em uma ilha paradisíaca dentro de um mar de rosas. Outras parecem que construíram sua casinha no olho do furacão e aos pés de um vulcão ativo.
Então surge aquela dúvida: porque essa injustiça de haver um mundo rosado para uns e um mundo cinza para outros?
A resposta é simples: tudo o que acontece na sua vida é mérito ou culpa sua! Mais justo que isso é impossível.
Claro que nenhuma pessoa pediria para passar por dificuldades quer financeiras, emocionais ou qualquer que seja. Mas, inconscientemente, a pessoa se programa para viver uma vida, quer seja uma vida top ou uma vida medíocre.
Se eu coloco em minha mente que uma vida simples é o meu destino e que ser rico e bem sucedido é para os outros (para os que não serão divinamente salvos) eu vou viver minha mediocridade pelo resto da vida.
Se, por outro lado, eu acredito que serei uma pessoa bem sucedida, com dinheiro e ainda terei a salvação, se eu me libertar de todos os paradigmas impostos por filosofias fundamentalistas ou ditos popularescos, a minha vida vai dar um salto qualitativo, com certeza.
Não fomos criados para sofrer, não estamos aqui para pagar pecados, nossa missão não é viver em humilde miséria.
Temos por missão mudar o mundo, fazendo-o um lugar melhor, ajudar as pessoas e de lambuja sermos felizes.
Seu casamento não dá certo? Culpa sua!
Está atolado em dívidas? Culpa sua!
Seu emprego é ruim e, ainda por cima, corre o risco de perdê-lo? Aceite que foi escolha sua.
Não culpe a crise, o cônjuge, o patrão, ou os anjos tristes por causa de seus problemas. Você os escolheu e o pior: escolheu também permanecer nesses problemas e não querer mudar para ser feliz.
Como disse o político norte-americano William Bryan: "Destino não é uma questão de sorte, mas uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas que se busca".


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A "posse" mata

Deparei-me ontem com uma frase de Osho que é quase auto explicativa: "Se você ama uma flor, não a colha. Por que se você colhê-la, ela morre e deixa de ser o que você ama. Então se você ama a flor, deixe-a estar. O amor não está na posse. O amor está na apreciação".
O sentimento de posse sobre aquilo que amamos é negativo e destrutivo.
Sufocado, o ser amado vai definhando em seu interior, na preocupação de que "isso magoa", "aquilo magoa", "não posso fazer assim", "tenho que fazer desse jeito".
E esses gatilhos mentais e emocionais tornam a pessoa escrava daquela que a possui. Isso suga energias, drena a liberdade que nos foi divinamente presenteada, faz-nos definhar quanto seres pensantes.
Então, se eu amo dou a liberdade do ser amado estar comigo porque quer, porque se sente bem, porque deseja estar ali. Não posso encoleirar a pessoa, como se fosse um cão que, se não ficar preso no quintal, sai a revirar lixos na vizinhança e se estranhar com outros vira-latas.
Quem já ficou sentado no quintal ou no jardim já deve ter vivido a experiência de ver um pássaro chegar para ciscar bem pertinho. Ele fica ali, olhando para você, pulando para lá e para cá. Mas ao menor sinal de que queremos pegá-lo, ele foge. É assim que funciona. O amor está na apreciação.
E quem é amado precisa sim respeitar aquele que o ama. Porque o amor é o maior presente que se pode ganhar e ele tem um custo muito grande para quem o dá.
Sendo assim, é preciso ter o cuidado de não magoar aquele que ama e confia em nós porque, afinal, se também amamos essa pessoa, também a apreciamos.
Amar é deixar livre. Ponto final.


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Tempo de depressão

Mais um ano caminhando para seu término, festejos natalinos despontando. Luzes, presentes, comida saborosa, presença de familiares e amigos, troca de cartões.
Mas já se perguntou por que esta época gera tanta tristeza, se é repleta de motivos de alegria?
Realmente, o período compreendido entre Finados e Natal é uma época que causa mais tristeza no ser humano, por diversos motivos.
Eu achava que somente eu sentia isso, mas é muito comum o ser humano se entristecer no último quadrimestre dos anos.
Primeiro, por uma questão de estação (outono e inverno) o sol está mais distante da terra, o que dá a sensação de queda de energia. Nossas baterias parecem estar se descarregando com mais rapidez  e fica mais difícil de encontrar forças para realizar tarefas.
Outra causa dessa tristeza são as datas. Na época de Finados, as pessoas se  relembram de amigos e parentes que faleceram. É uma época que também nos faz pensar o quanto somos pequenos, pois de um momento para outro nossos sonhos e atividades podem ser interrompidos por uma doença, por um acidente ou por uma fatalidade.
Hoje temos tantos sonhos, obtivemos tantas conquistas, temos tanto por fazer, e amanhã tudo fica para trás.
O Natal também é uma comemoração triste. Por ser uma festa que costuma reunir a família toda, a cada ano ela tende a relembrar as pessoas que já partiram. O vovô que se vestia de Papai Noel e era a alegria das crianças agora não está mais entre nós. A mamãe que sempre dava o mesmo presente apenas com cor diferente e que todo mundo ria e se divertia. O tio que contava as piadas. As pessoas vão faltando e a sensação de vazio aumenta.
Sendo assim, se você percebeu que está mais triste nesta época, não se preocupe, é normal. Procure realizar atividades que o animem, mantenha-se focado e não deixe a tristeza tomar conta.
E fuja da cama!
Muito cuidado para não nos deixarmos afetar pela tristeza pois, como escreveu Gustave Flaubert: "Cuidado com a tristeza. Ela é um vício".


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Tédio mata. Novidades revivem!

Claro que há pessoas que são extremamente conservadoras a ponto de não querer mudar os hábitos. Levantam-se no mesmo horário, fazem as mesmíssimas atividades, na mesma sequência, ritmo e frequência.
Essas pessoas devem amar a música cotidiano, de Chico Buarque: "todo o dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã; me sorri com um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã".
Mas convenhamos que não é porque a terra gira em torno de seu próprio eixo que nós também precisamos viver sempre realizando nossos mesmos movimentos.
Inovar tem um papel renovador em nossa vida. Deixar de fazer algo, substituir uma atividade por outra, dizer "olá, como vai?" em vez de "oi", tudo vale para mudar um pouco nossa frequência e, com isso, colocar um pouco mais de  energia em nossa vida.
O tédio é um agente mortífero. A gente perde a vontade de viver quando fica repetindo sempre a mesma coisa, vez após vez. Tornamo-nos previsíveis, chatos, sombrios, más companhias.
Por isso é preciso colocar sempre algo novo em nossa vida: uma nova atividade, um novo emprego, uma nova aventura, um novo desafio, um novo desejo, um novo amor.
Aprender algo que nunca sonhamos em praticar, treinar um esporte que não sabemos sequer as regras, ter o propósito de sorrir para todas as pessoas com quem nos encontrarmos (puxar conversa com alguns desconhecidos).
Criar raízes é muito bom, quando se é uma árvore.
Águias precisam voar. Só assim, livres e altaneiras é que estas aves conseguem ser rainhas, ser majestosas, ser supremas.
Liberte-se! Permita-se! Corte suas raízes e veja que é possível viver de ar e movimento, de inovações e emoções.
E façamos um trato: tome um expresso com chantilly em minha homenagem hoje. Por que? Ora, porque você pode!


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Saiba lidar com poetas

Poeta não é aquele que escreve. Poeta é uma pessoa com um grave problema de sensibilidade à flor da pele. Seus sentimentos não conseguem ser escondidos. Se ele não fala, seus olhos gritam, ou seus gestos, ou sua feição.
O poeta sente demais e esta hipersensibilidade emocional e sentimental machuca.
Para explicar melhor: quando chove, ao poeta a chuva não é um som bom para ninar. A chuva é um sussurro, e fica repetindo uma frase, um nome, uma palavra.
Cuidar é uma palavra que está grifada e em maiúsculas no dicionário
dos poetas. Eles querem bem, fazem o bem, preocupam-se, elogiam despretensiosamente, acarinham com o olhar, sorriem quando olham para eles.
Poetas medem as palavras quando conversam, querem ser galantes, corteses, agradáveis. Não fazem isso para criar boa impressão, mas fazem porque sabem que isso deixa os outros felizes e faz bem às pessoas.
Ao ir dormir, um poeta fica pensando na pessoa que conheceu e de quem gostou.
Os poetas escrevem, ou pintam, ou compõem, ou esculpem, ou fazem qualquer coisa para tornar feliz as pessoas a quem gostam. Fazem por prazer, não por interesse.
E eles se alimentam de sorrisos e de boas palavras.
Assim sendo, para se lidar com um poeta, fica somente uma recomendação: não os tratem como um qualquer, com palavras ásperas e impensadas. Eles sentem e se machucam.
Um "você que sabe", um "tanto faz", um "tá". Ser áspero-monossilábico quando o poeta elogia é uma atitude covarde para com alguém que lida com você desarmado e sem maldade.
Só isso. A vida já faz o poeta sofrer por si só. Não precisa de sua contribuição. Trate bem os poetas, aqueles de sensibilidade aflorada. Eles agradecem, e o universo todo também.
E para pensar, fica um versinho de Fernando Pessoa:
"Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho". 

Seja mais atraente

Sim, concordo plenamente que devemos sempre manter perto e permitir que participem de nossa intimidade as pessoas que gostam de nós como realmente somos. Concordo ainda que não devemos ser quem não somos apenas para conquistar uma amizade, porque nada duradouro vai se fundar em cima de mentiras.
Mas tornar-se atraente para que as pessoas se sintam bem ao estarem conosco é quase uma obrigação. Ninguém gosta de estar com uma pessoa repulsiva, de má apresentação, sem encantos. E há dicas para se tornar mais atraente que não mudam necessariamente o ser essencial da pessoa.
Vamos a elas.
Primeiro, sorria. O sorriso realça a beleza de qualquer pessoa, transmite uma energia positiva.
Também procure dormir o suficiente. Uma pessoa que não dorme bem fica menos atraente.
No campo da conquista, procure usar vermelho. Essa cor dá uma ideia de virilidade ao homem e de fertilidade à mulher. É uma cor que seduz.
Evite a preguiça e a má postura. Quem anda com os ombros caídos, coluna torta, todo relaxado, passa a impressão de desleixo. É sem dúvida menos atraente e passa uma ideia de ter pouca convicção.
A barba é uma armadilha. Se ela estiver bem feita, transmite força e vigor. Um rosto liso e limpo também. Mas a barba por fazer e desleixada prova o contrário.
Estar com animais também torna a pessoa atraente, principalmente passear com o pet.
E por fim, evite o estresse. Cada pessoa já vive seu grau de estresse do dia e não precisa de outro estressado aumentando a cota de más sensações.
Pronto. Seguir estas dicas ajuda muito a ser uma pessoa mais agradável. E fica mais fácil interessar-se e querer estar perto de alguém assim.
Mas não se esqueça de que é preciso ir mais fundo nas relações interpessoais. Não é porque a pessoa é linda que terá de bônus todos os demais predicados de uma pessoa ideal. Como disse Friedrich Schiller, "Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência".


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O amor do falcão e da carpa

Muitas vezes vemos casais que se separam apesar de notarmos que ambos se amam e continuam se amando. Pior: sofrem pela separação.
Há uma história que fala do amor de um falcão e de uma carpa. Eles se amavam muito e queriam viver juntos.
Então o falcão falou: "Minha amada carpa, vou pegá-la e trazê-la comigo para os céus e veremos todos os dias o pôr-do-sol e viveremos felizes para sempre".
A carpa foi com o falcão, mas sentiu que não conseguia respirar, por mais esforço que fizesse. Por fim, suplicou que a soltasse para voltar a respirar nas águas, senão morreria.
Depois que se recuperou, a carpa falou: "falcão, eu te amo. Venha para dentro do lago viver comigo, poderemos ser felizes para sempre".
E o falcão mergulhou e tentou ficar debaixo d'água o máximo que pôde, insistiu além de suas forças e, por fim, desfaleceu e acabou morrendo afogado ao lado de sua amada carpa.
A triste moral desta história é que, às vezes, duas pessoas podem se amar de verdade, mas se os dois viverem em mundos completamente distintos, será impossível viverem juntos, por mais esforços que façam. Um sempre vai acabar se machucando, se maltratando, se ferindo, para ficarem juntos.
Temos de ter bem em mente que, se não deu certo, pode ser porque a vida de um dos dois estava em perigo, pois viver em um mundo diverso do seu e no qual é impossível se adaptar, oferece um risco real.
E a culpa não é de nenhum dos dois. A situação é assim e exige.
Assim, em se tratando de amores impossíveis, consideremos três pontos: primeiro, vejam se o amor traz a sabedoria para ambos se adaptarem; segundo, se o amor remover montanhas, insista nele e, por fim, se o amor estiver matando você aos poucos, caia fora.
Sarcasticamente, fica a frase do Marquês de Maricá: "As nossas necessidades unem-nos, mas as nossas opiniões separam-nos".





sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Quando seremos independentes?

Certo dia, às margens do Ipiranga, D. Pedro I bradou: "Independência ou morte".
Claro, referia-se ele à independência relativa a Portugal, país que dominava o Brasil até então.
Mas estive pensando e, sem querer polemizar, fico abismado da necessidade do ser humano de ser dependente: afetivamente, socialmente.
Temos uma necessidade inata de sermos aprovados em nossas ações. Neste quesito, independente de termos a liberdade de tomar nossas próprias decisões, insistimos em que a maioria aprove o que decidimos.
Vejo o facebook (terreno fértil e ao mesmo tempo improdutivo) fervilhando de comentários pró e anti aborto. Apesar de eu ser fervorosamente contrário a esta prática, fico em dúvida do porquê proibi-la, uma vez que gritamos "independência ou morte".
A sociedade atual nos encaminhou por veredas de promiscuidade e sexo desenfreado, com músicas, programas televisivos, entrevistas, clipes repletos de conotação sensual ou explicitamente sexual.
Talvez a ideia de que o acesso a informação fosse melhorar o controle não tenha sido bem encarada ou o tiro tenha saído pela culatra. Jovens sabem muito bem sobre sexo: sabem fazer, sabem posições, sabem o que acontece... mas não sabem prevenir, não sabem planejar e não sabem sequer para que serve (tirando "dar prazer", eles desconhecem o restante das utilidades das relações sexuais).
A discussão é enorme nesse quesito e acredito que está longe de terminar. Mas não acho que seja impondo um "pode" ou "não pode" abortar que a situação irá se resolver.
Não vai ser impedindo o aborto que este não irá acontecer. Não será permitindo-o, que se controlará a natalidade e se formarão famílias felizes.
E o meio termo seria educação, em um país definitivamente mal educado.
Mas como não escrevi este texto para solucionar, mas sim para colocar mais lenha na fogueira, encerro com a frase do escritor Albert Camus: "Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo".