domingo, 19 de fevereiro de 2017

Muitas vezes temos de nos colocar ao alcance da pessoa

Como me sinto em relação à maioria das pessoas com quem
tento conversar sobre meus pensamentos.
Quando as pessoas comentam "O Pequeno Príncipe" geralmente remetem seus pensamentos especialmente à raposa ou à rosa do nobre loiro do planeta pequeno. Muitos citam a brilhante explanação sobre cativar, outros gostam mais de falar sobre haver apenas uma rosa que se destaca entre tantas.
Mas eu hoje queria destacar o início do livro. Na verdade, a linha final do primeiro capítulo e a linha inicial do segundo.
O autor comenta sua experiência de infância como desenhista, ao fazer uma jiboia engolindo um elefante, que todos confundiam com um chapéu.
Já adulto, ele fazia experiência com as pessoas, mostrando o desenho. Todos diziam que era um chapéu, então ele  guardava o desenho e "Punha-me ao seu alcance. Falava-lhe de bridge, de golfe, de política, de gravatas. E a pessoa grande ficava encantada de conhecer um homem tão razoável."
O texto de hoje é um recado a todos os poetas que acompanham meu blog. Lembrando que poeta não é somente quem escreve, é quem lida exacerbadamente com os sentimentos, que sente a todos com maior intensidade.
Ao falarmos com as pessoas, muitas não entendem o que sentimos, o que pensamos, o que pretendemos. E não adianta perdermos tempo explicando, simplesmente não vão entender, não vão alcançar o raciocínio. Então, coloque-se ao alcance da pessoa. Sei que dói, mas é o que nos resta fazer. Chegue ao nível da pessoa, trate dos assuntos que agradam a ela, que interessam à maioria: "será que vai chover?", "Corinthians ou Palmeiras?", "Maldito governo e nossa miséria"... coisas assim. Finja divertir-se, a pessoa ficará feliz com você.
E esteja preparado. Pois o início do capítulo dois mostra a triste realidade dos poetas: "Vivi portanto só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara."
Poetas vivem só mesmo rodeados de universos de pessoas. Porque poetas falam outra língua, moram em outro país, em outro mundo.
Tento com minhas palestras fazer o mundo ser melhor, transformando pessoas em poetas ou fazendo-as entendê-los. Mas é uma grande e difícil empreitada.
Colorir o mundo está complicado, mas continuamos batalhando.
Enquanto isso, vou colocando-me ao alcance das pessoas, e vivendo só, sem ninguém com quem possa realmente conversar.

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