terça-feira, 28 de março de 2017

Uma Poesia diferente

Está totalmente erguida minha bandeira de combate ao pensamento de senso comum, e aos lugares comuns de toda e qualquer espécie.
Pensar como a maioria não é o ideal. Empatema (quando duas pessoas pensam igual e chegam a dizer a mesma frase) pode ser bonito, para muitos é sinal de afinidade e do encontro de almas gêmeas, mas esse tipo de romantismo é dispensável.
Nada mais lindo do que se completar nas diferenças. Assim é possível chegar mais perto do "todo".
Seria horrível e impossível haver só lados direitos, somente subidas, apenas o claro. A compensação é necessária, os pensamentos diversos são importantíssimos.
Quando Bandeira escreveu que estava cansado do lirismo que não era libertação, eu o cubro de razão.
Poesia não é escudeiro de apaixonado, que pretende escrever tão somente para conquistar (embora sabendo-se fazer, é ação infalível!).
Poesia não é sinal de status para colocar ao alto egos inflamados e fazer aflorar egoísmos toscos.
Está chegando a hora deste poeta escrever uma Poesia diferente.
Porque estupidez também é sentimento.
Porque o sentimento também é poluto, feio, arrogante, quando nossos sentidos assim pedem.
Como é lindo ver um poeta sofrer porque ama alguém. É lindo ver um poeta ansioso por encontrar-se com sua amada enquanto esta o despreza. É lindo e exuberante um poeta fazer tudo e receber apenas migalhas em troca (e tratar essas migalhas como se fossem diamantes).
É tudo lindo, só não é lindo estar na pele do poeta que sofre decepção, sofre abandono, sofre ansiedade, sofre sem mesmo saber que está sofrendo, enganando-se com a ilusão de um amor mendaz.
Basta! Se o lirismo não for libertação, se não trouxer o prazer de abrir o peito para os reais sentimentos, se não for o quebrantamento dos grilhões em formato de coração que machucam a alma de quem sente, eu deixo já de ser poeta, renego essa maldição com que nasci!
Está chegando a hora de uma Poesia diferente. Crítica, serena, contumaz, decidida. Machuque se for para machucar, mas que machuque o outro e não quem fez a Poesia surgir.
Está chegando a hora de uma Poesia que vire a mesa. Nada de olhar para Whatsapp 185 vezes no dia esperando um "online". Nada de entrar no Facebook e esperar por uma postagem que, quando aparece, não é para ti. Nada de mendigar umas poucas horas de companhia como se fosse um favor apaziguar sua sanha.
Evoco Ovídio, que disse: "A melhor ajuda para a mente é romper com os grilhões que iludem o coração".
Aguardem, pois está na hora da minha Poesia se tornar libertação.



sábado, 25 de março de 2017

Tá triste?

Hoje não ia escrever. Estava desanimado demais para isso. Foi então que li a frase de Chaplin: "Eu gosto de andar na chuva, porque ninguém pode ver minhas lágrimas."
Não tem como não escrever depois de ler um diamante tão aquilatado quanto este.
A gente acha que a vida é eternamente sorriso, que o segredo do sucesso é ser feliz todo o tempo, que a felicidade é o supra sumo das nossas conquistas.
E, de repente, vem a tristeza.
Neste momento, estou triste. De uma tristeza sem tamanho e que dói ainda mais porque eu queria gritar aos quatro cantos os motivos dela e não posso. E por saber que, mesmo se gritasse, isso não mudaria a situação.
Sou poeta, escritor, apresentador de rádio e TV, palestrante, comunicador. Mas fico extenuado porque não quero me permitir ficar triste e, por ficar, acabo ficando frustrado.
Lutamos por nossa liberdade e hoje, vergonhosamente, reconheço que nem eu próprio dou-me o direito de ser livre. Se quero ficar triste, que eu fique, poxa!
E neste mundo encardido, enlameado de "lugar comum", ficamos desejando seguir a moda, o senso comum, o pensamento da massa. E deixamos de ser nós mesmos.
E a tristeza, que para mim já tem peso dez vezes maior, fica ainda mais pesada por eu me cobrar sorrisos.
Tá triste? Fique triste, permita-se.
Não há nada de errado em deixar fluir todos os sentimentos que existem e que fomos feitos para sentir.
Não podemos sentir desejo porque é errado, não podemos ficar tristes porque é ruim, não podemos sentir ansiedade porque é doença, não podemos amar porque é restrito a uma pessoa.
Pare, mundo. Tem um monte de gente querendo descer!
Se você quiser se ganhar, deixe-se livre para sentir. E então vai se tornar senhor de seus sentimentos.
E poderá enfim olhar a lua sem tristeza.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Carta a você, que se corta

Você, que se corta, saiba: eu sei o que você sente.
E sentir-se prestes a explodir por carregar o mundo inteiro aceso em seu peito não é a melhor sensação que existe. Livrar-se disso é quase impossível, mas não se pode ficar parado sentindo o peito inchar, e inchar, e inchar, e inchar, e inchar...
Até quando isso vai? Um peito não suporta essa pressão.
Na escola, em casa, em qualquer lugar, nada parece estar normal, nada parece estar acontecendo da maneira que eu gostaria que estivesse. E pode parecer egoísmo, mas não custava as coisas serem um pouquinho diferentes.
Por que todos me odeiam? Por que nada dá certo? Por que tudo está horrivelmente parecendo um mundo cor de rosa se não enxergo cores e tudo parece estar irritantemente ideal? Por que eu não estou me sentindo ideal o suficiente para viver nesse mundo?
Ser tratado como adolescente, imaturo, ter os sentimentos não levados em conta. Tudo isso enche. tudo isso quer explodir.
Tantas pressões, pensamentos no futuro. Que vou ser, quem vou ser, o que vou estudar, com quem vou me casar, será que vou amar, será que um dia alguém vai me amar?
E de repente não dá mais para a gente aguentar. E então aquele canivete, aquela gilete, aquele estilete...
Ahhhhh, que alívio! Como pode ser tão prazeroso um pequeno corte. Enquanto o sangue desce acariciando a pele, através do corte os problemas do mundo esvaem-se, resolvem-se. E tudo fica bem por um momento.
Como é bom sentir-se vivo e sem o aperto insuportável que havia no peito. Renato cantou: "seus tornozelos sangram e a dor é menor do que parece. Quando ela se corta ela se esquece que é impossível ter na vida calma e força".
Ninguém entende o que é tentar ser forte a todo e cada amanhecer.
Mas, acredite: pode ser diferente.

terça-feira, 21 de março de 2017

Vamos "fazer" piada ou "ser" piada?

Em minha cidade, Espírito Santo do Pinhal, iniciei uma carreira na TV local apresentando um programa APTV Esporte. Ao lado do dono do programa, Roberto Duarte, começamos a fazer sucesso ao fazer piada com os jogadores e entrevistados. O humor alavancou o programa por seis anos e ainda o mantém de pé.
Ano passado, reuni com os amigos Paulinho Parolin e Álvaro JP e iniciamos o programa "Café com Risada" na rádio Interativa 106,3 FM. O nosso programa de humor tem atraído a atenção de muita gente e pode ser ouvido nas quintas das onze ao meio-dia e nas sextas das onze à meia-noite pelo radio.net.
O humor é um nicho que tem muito futuro no Brasil e no mundo. Haja vista o sucesso de séries como "The Big Bang Theory", "Two and Half Men" etc.
O humor é salutar, o bom humor é essencial para aguentar as agruras da vida.
Mas aí me recordo de Clarice Lispector dizendo "já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz."
Esta frase mostra que nem todo mundo tem o dom de ser engraçado, mas todos se aventuram a dar seus pitaquinhos no humor. O que seria bom, não fosse pelo que vou comentar a partir de agora.
A Polícia Federal está investigando um caso gravíssimo de carnes sem qualidade, estragadas ou misturadas com substâncias as mais diversas.
Pois bem, entra em cena nossa mania de fazer piada, relevando a gravidade de um assunto de saúde pública que escancara os limites do absurdo.
Vamos raciocinar: quem é lesado numa loja, posta os maiores impropérios nas redes sociais. Quem sofre uma desilusão, uma traição, uma decepção amorosa, posta um milhão de frases de efeito, xingamentos, mas nenhuma piada.
Fazer piada com relação a assuntos sérios dá a entender que não nos preocupamos, é como dizer: "relaxa, não estou tão zangado assim". Talvez fosse de bom tom deixar aos profissionais do humor fazer isso. Nosso papel de cidadãos é cobrar resultados.
E enquanto os brasileiros fazem piada de tudo, não nos damos conta de que nós é que viramos piada de tudo.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Nossa mania de querer ser dono

Dizem que a depressão é "o mal do século". Renato Russo em uma de suas canções disse que "o mal do século é a solidão". Eu, de minha parte, estou propenso a acreditar que o grande mal é o desejo de possuir, de ser dono, de ter o controle total e absoluto sobre coisas e pessoas.
A busca desenfreada de ter mais e mais dinheiro é explicada pelo desejo de ter PODER aquisitivo.
Quem corre atrás de status, de engrandecer o nome, de tornar-se famoso é para conseguir PODER social.
E ainda nos relacionamos com pessoas e queremos ter poder sobre elas: impedi-las de sair, de ter vida social, de postar fotos. Queremos saber a par e passo a vida do outro, manipular os caminhos, exigir explicações.
Nunca se falou tanto em liberdade como hoje em dia. E a escravidão parece continuar não só explicita, mas também subliminarmente.
Travo uma luta diária com minha ansiedade. Ela me lacera o peito, eu a mantenho cerrada nele e não dou vazão. Um dos dois há de vencer.
Lembro-me de Oscar Wilde, dizendo que "Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos."
Não é justo, não é certo, não é salutar para ninguém este tipo de exigência.
E em se tratando de liberdade, evoco Fernando Pessoa, que escreveu que "precisar de dominar os outros é precisar dos outros. O chefe é um dependente."
Ser possessivo é pedir para perder. Controlar é quase uma ordem para se afastar. Um ditado popular diz que o canário, ao fugir da gaiola, não fica sequer na vizinhança.
Não tente ser dono de quem nasceu para voar. Você vai sofrer. Vai ter depressão, vai ter solidão - todos os males do século estarão com você!
Deixe livre a quem ama... e cuide. A pessoa volta, com certeza volta.
Ao escrever esse texto lembrei-me de um amigo que cuida de beija-flores. Ele dá água doce para os bichinhos e coloca frutas para outros pássaros. Eu vi os beija-flores tomando água de dentro de sua boca e pousando em seu ombro. E todo o dia os beija-flores o chamam querendo sua atenção. Um exemplo de que ele possui aqueles que são livres, mesmo sem ser dono.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Se for para despedir, que seja depois de valer a pena

Oswald de Andrade escreveu que "o Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus."
Obviamente, a intenção de Andrade era apontar para o êxodo de pessoas que buscam oportunidades em outros países ou continentes, destacadamente a Europa na época e atualmente nos Estados Unidos.
Mas sempre, desde que li esta frase em um encarte de CD da Legião Urbana, chamou-me a atenção o trecho que fala de gente dizendo adeus.
Minha interpretação, entretanto, é um pouco menos nacionalista: eu enxergo as pessoas que dizem adeus, independente se estão procurando oportunidades em outros lugares ou apenas estão se despedindo para nunca mais serem vistas ou encontradas. Pessoas que dizem adeus mesmo estando próximas umas das outras.
Adeus é uma palavra muito forte. Cessar uma convivência é muito dolorido para certas pessoas e neste rol eu me incluo. "Não olhe pra trás, odeio despedidas. Diga até mais, mesmo se for adeus", cantou Humberto Gessinger na música "Até mais".
O último beijo, o último olhar, o último carinho, o último aperto de mãos... a palavra "último" também é deveras forte. Não gosto de usá-la. A palavra "ultimo" tem um vislumbre de morte dentro do universo gramatical. Ela põe fim em tudo!
Mas enquanto escrevia para o blog, na minha loucura de fazer quatro coisas ao mesmo tempo (escrevia uma matéria para o jornal, escrevia para o blog, conversava com uma amiga e ouvia Arnaldo Jabor no Youtube), eu escutei este trecho de Arnaldo Jabor: "Existe gente que precisa da ausência para querer a presença."
Poxa, meus olhos acabaram de se abrir! Então despedir pode ser necessário. O "adeus" pode ser apenas motivo para um futuro "olá". E a palavra "último" serve apenas de referência, e pode ser atropelada pela composição "de novo".
Se for para despedir, ora! o mundo não é plano e sem retornos. O mundo é redondo, e cheio de reencontros. Se for para despedir, que antes tenha valido a pena, para ter o sabor de querer mais. Porque a eternidade é relativa e não é absoluta, ela pode ser encontrada em um momento que foi muito bem vivido ou podemos passar uma vida inteira sem nunca atingi-la.
Por isso, nossa preocupação deve ser única: fazer valer a pena nossos instantes. Porque assim o adeus pode não ser eterno.


segunda-feira, 13 de março de 2017

Faça Poesia de verdade!

O cantor e compositor Nando Reis está com uma nova música de trabalho, chamada "Eu só posso dizer". Nesta canção, há um trecho assim: "Preferem os cactos/ Que a solidão da noite assista a flor/ Quando se abre."
Não consigo ler ou ouvir este trecho sem imaginar o cacto florindo sob a luz imaculada do luar. E junto com essa imagem, amante da Lua que sou, vem uma enxurrada de sentimentos. Isso é Poesia e era justamente isso que todos nós deveríamos aprender no nosso dia-a-dia.
Estamos vivendo maquinalmente e nos deixamos massificar nas nossas atitudes. A moda nos influencia, seguimos as tendências, imitamos os astros, copiamos tudo, somos todos iguais.
E a Poesia é ser diferente, é fazer a diferença, é despertar nos outros (e em nós mesmos) sentimentos novos, esquecidos, deixados para trás.
Poesia é reviver e reinventar. É motivar e despertar. É colocar cor no cinza.
É ser como Manuel Bandeira:

"E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada."

Ou então ser como Mário Quintana:

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"

Ou ser Humberto Gessinger:

"Não procure paz onde paz não há, não procure alguém onde não há ninguém, não procure o céu azul no mar vermelho, não procure outras pessoas no espelho."

Seja sempre você, não se deixe massificar.
Vamos fazer o mundo um lugar melhor, essa é nossa grande e única missão!


quinta-feira, 9 de março de 2017

Eu sangro

Acabei de ler uma postagem no face de meu irmão (Nico Chiorato) que dizia: "posso muitas vezes parecer forte... mas em mim também chove".
Imediatamente lembrei-me da primeira vez que me vi sangrar. Um ferimento inocente de criança, mas deu para ver que meu sangue não era azul... e que eu era fugaz.
Lembro-me de um filme que assisti certa vez (só não me recordo o nome) em que um dos personagens dizia sobre o adversário: "Se ele sangra, podemos derrotá-lo".
Como poeta, posso até tornar-me imortal. Se o poeta agir direitinho, como agente modificador do mundo, deixará um legado que não o permitirá morrer. Mas ele, quanto ser que sangra, vai morrer.
Tenho medo de não agir a tempo de deixar meu legado. De acabar caindo na armadilha descrita pelo grande Bandeira em seu poema A Morte Absoluta:

"Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome."

Fazemo-nos fortes. Procuramos sorrir em meio a aflições e, como poeta, procuramos fazer mais - procuramos fazer os outros sorrirem, enquanto passamos por aflições.
Eu estou em guerra comigo mesmo nos últimos dias. Sinto-me insuportável. Não estou gostando de minha companhia.
Claro que isso é passageiro. Se já não encontro iguais para conversar, ao menos tenho que suportar-me.
Mas o conflito entre razão e emoção por que estou passando tem me deixado um tanto exaurido.
E saber que tenho data de validade está me angustiando ultimamente.
E hoje a reflexão que deixo a todos os meus queridos leitores é que temos de agir. Deixar nosso nome. Participar para fazer o mundo melhor. E não nos esquecermos de que é fundamental vivermos intensamente sem nos culpar, sem achar que é preciso sofrer para receber uma recompensa. Que sermos felizes faz parte da vida e que não há necessidade de uma tempestade para gozarmos da bonança.
No mais, estou trabalhando para aceitar minha fragilidade humana, encarando-me como escreveu Clarice Lispector: "Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura."


sexta-feira, 3 de março de 2017

Que tal falar mais de ansiedade?

Estava estudando a ansiedade. Meditando nela, para ser mais preciso. E mais precisamente na minha ansiedade. Quero entender porque acontece isso com a gente.
Em partes, passei a entender que o lapso temporal tem uma grande influência nisso. O lapso de tempo para uma pessoa ansiosa é sempre muito mais curto e o tempo passa sempre muito mais devagar.
Explico: para uma pessoa ansiosa, esperar por uma resposta ou por um resultado que só acontecerão no dia seguinte seria como esperar meses.
O ansioso também tem uma tendência de dedução negativa muito aflorado. Ele tem em seu bolso como que uma infinidade de alfinetes mentais que se chamam "e se".
Aí, o ansioso fica se perguntando: "e se chover?", "e se ela não quiser?", "e se ele enjoar?".
Então me recordo do que o intelectual romano Sêneca escreveu: "Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças."
Realmente, para o ansioso é extremamente nocivo. Ele não cabe em si de vontade de agir para reverter uma situação que ainda não aconteceu, mas que ele já desenvolveu por completo em sua mente.
A roteirista da Rede Globo, Adriana Falcão, também corrobora com meus argumentos sobre esse terrível mal: "Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja."
E temos que tomar cuidado com as frases de efeito popularescas. Muitas delas são potencializadoras de ansiedade, sem que a gente se perceba. Senão, vejamos uns exemplos.
Li recentemente vários posts dizendo que "prefiro sofrer machucado pela verdade do que viver embalado pela mentira". Já comentei no artigo anterior que não há verdade absoluta, nem verdade eterna. Por que a busca desenfreada por todas as verdades, se elas vão nos machucar? Além do mais, quem busca freneticamente a verdade, pode achar que uma verdade contada seja mentira e nunca estará satisfeito. Em resumo, essa gana pela verdade é esterco para a ansiedade.
Também é preciso cuidado com a ideia de colocar nossas ansiedades nas mãos de Deus. E não, eu não sou ateu. Sou seguidor assíduo de Deus e o chamo por nome. Mas tenho medo das religiões.
Há nas religiões (em todas!) pessoas frias, que estão lá por comodidade; pessoas normais, que a seguem por querer encontrar Deus realmente; e pessoas ferventes, que matam por Deus.
Beatas, fanáticos, senhores da fé... pessoas que acham estar servindo a Deus e que, por isso, estão acima dos mandamentos, acham-se muito além da ordem de amar. Eles fazem a religião deixar de "religar" e tornar-se uma máquina de castigar. "Não faça isso", "se fizer aquilo está fora!", "isso não pode". Este artigo é sobre ansiedade, lembrem-se. E como não ficar ansioso com um séquito de seguidores de pessoas que o condenam por tudo o que faz, independente de sua própria consciência não o condenar?
Excomungado, expulso, anátema, blasfemador, herege. Não importa o termo. Importa muito a aplicação a quem de direito (ou sem direito).
E para concluir... os ansiosos entenderão o que significa aquela palavrinha "online" no whatsapp sem a pessoa falar conosco.
É... ainda há muito o que se ponderar sobre a ansiedade. O melhor é manter-se ocupado. Por isso, encerro com a frase do psicólogo Rollo May: "Muitas pessoas estão ocupadas só para disfarçar a ansiedade; seu ativismo é um modo de fugir de si mesmas."