segunda-feira, 24 de julho de 2017

Não fale "amor". Viva-o.

As palavras sempre tiveram muito poder. E fascinam tanto a mente humana que até mesmo histórias fantásticas foram criadas.
Quando eu era criança, minha mãe não permitia que nenhum de nós em casa dissesse algumas palavras, pois parecia que elas serviam até de invocação: se falar "câncer" pode surgir a doença, ou se falasse "diabo" invocaria o coisa ruim.
Até hoje ensina-se em alguns cursos de high performance que devemos somente pronunciar palavras positivas e evitar a qualquer custo falar palavras negativas. Isso, numa visão da programação neuro-linguística, nortearia nossa vida para o sucesso.
Mas seguindo outra vertente, recordo-me de frases do tipo "uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade" ou "até mesmo a ideia mais sublime se torna parva quando contada muitas vezes".
Realmente, quando uma palavra ou frase ou ideia é repetida indiscriminadamente e sem razão, ela fica sem sentido.
Faça o teste quando estiver só: repita uma palavra em voz alta muitas vezes e veja o que acontece.
Prova disso também é que quando gostamos de uma música, escutamos a canção inúmeras vezes, todos os dias. Alguns colocam até para repetir vez após vez. Mas de repente, enjoamos da música e não suportamos mais ouvi-la.
E eu enrolei tudo isso no preâmbulo para justificar minha constatação: fala-se muito a palavra "amor", mas ela já perdeu totalmente seu sentido.
Sei que há manifestações de amor verdadeiras. Mas quero apontar para o fato de pessoas usarem esta palavra apenas por aparência, por tendência ou por interesse.
Filhos que postam em redes sociais algo como "amo minha mãe", mas na vida real tratam as mães como animais, xingam, desobedecem, maltratam.
Já ouvi alguém dizer "estou amando e também me amam" e apenas dois meses dá o maior vexame, fugindo da casa e se envolvendo com outra pessoa. E o pior: pessoa que largou o marido porque dizia que não sentia amor, deu com os burros n'água e voltou com o rabo entre as pernas, postando no facebook: "sempre foi amor".
Vi histórias de adolescentes que brigam com os pais por causa de um suposto "amor" e depois voltam para casa com um filho no colo e postam na net que querem pensão daquele bandido com quem se envolveram.
Meu texto de hoje é um alerta: não fale a palavra "amor", porém viva o amor, faça-o ter sentido nos seus atos e não somente nas suas palavras. Na Bíblia, um texto conhecido diz que "a fé sem obras é morta". E o mesmo se dá com o amor... se não tiver ações concretas, ele se torna uma palavra, só uma palavra.
Amor em ação: é disso que o mundo precisa. Somente disso.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A cor que nos impede de amar

Assisti há pouco uma matéria sobre as "cidades do pôr do sol" nos Estados Unidos.
O nome seria até poético, se o seu significado não fosse algo extraordinariamente torpe e podre: nestas cidades, os negros não podiam circular após o pôr do sol, sob risco de serem agredidos ou até mesmo mortos. Em algumas delas os japoneses também sofriam retaliação.
Logicamente, esta era uma prática do passado, apesar de ser a meu ver um tanto recente, pois data de 1950.
Tal ódio racial, porém, parece continuar até os dias atuais. Haja vista que a equipe de reportagem, cujo produtor era negro, foi expulsa de um Café enquanto gravava a matéria. A alegação era de que os clientes estavam se sentindo incomodados com ele.
Concordo com Voltaire, que escreveu: "Preconceito é opinião sem conhecimento."
Hoje me disseram que devemos buscar a Utopia. Então vou lançar a minha: um mundo em que sequer se cogite utilizar a cor da pele para dividir os seres em grupos. Um mundo em que nunca se use a raça de uma pessoa para descrevê-la. Um mundo em que simplesmente sumisse de nossa percepção o detalhe da pele.
Está muito difícil amar nos dias atuais. Sobre o uso indiscriminado da palavra "amor" tratarei no meu próximo texto.
Hoje, contudo, quero salientar que não consigo conceber que a cor de uma pessoa seja mais um motivo para justificar a falta de amor. Como pode a cor ser empecilho para amarmos?
Quando eu vou comprar roupas, aí sim, eu evito de comprar uma peça cuja cor é repetida. "Ah, já tenho uma camisa azul, então vou levar a amarela".
Concernente a afetividade, nunca a cor deveria interferir nas escolhas. Não sou contra as cotas em faculdades, em filmes, em novelas. Mas eu simplesmente não vejo a hora de um dia não serem mais necessárias as imposições para que se contrate um ator negro, ou para que eles tenham a possibilidade de estudar em pé de igualdade com todas as outras pessoas.
Um dia em que seja banida a pergunta "cor da pele" de todos os formulários, porque essa informação seria totalmente desnecessária.
Concordo com a frase de um autor desconhecido que diz que "O preconceito é a única defesa dos pobres de espirito."
E finalizo deixando meu desejo mais sincero de uma sociedade em que detalhes não façam diferença.